Tradução: - Vocês não acham que quando o PP se manifesta pelo regresso da família tradicional se está a manifestar, no fundo, um pouco contra nós?
- Bah! Não ligues! Que é que eles sabem do poliamor, Pepito!
- Bah! Não ligues! Que é que eles sabem do poliamor, Pepito!
Da esquerda para a direita: José Rodríguez Zapatero (PSOE), José Montilla (PSC) e Carod Rovira (ERC)
No outro dia encontrei este cartoon, publicado no Público (sim os espanhóis também têm o seu) de 27.12.2007.
Quem se interesse por política poderá entender a piada sabendo que as personagens são os presidentes de três partidos espanhóis, dois dos quais participaram numa coligação de fundo algo duvidoso na Catalunha. Mas o que me chamou a atenção foi este fenómeno de reconhecimento do poliamor, ao ponto de fazer parte do humor nacional. Para tal, o autor terá assumido que a palavra e o seu significado seriam do domínio comum.
Isto faz-me recordar uma conversa que tive, escassos três anos antes da publicação deste cartoon, sentada por entre as fontes do Martim Moniz, com um amarado* espanhol. Dizia-me ele o que muita gente me dizia nessa altura. Que a ideia de poliamor é fascinante, é seguramente o que todos procuram (depois vai-se a ver e nem por isso; é preciso cuidado com o que se deseja), mas que será praticamente impossível encontrar mais pessoas que pensem assim.
- Talvez não, talvez seja só uma questão de procurar.
- Não, em Espanha não se encontra, que eu bem sei.
Nesse ano tinha, por mero acaso, sido a primeira a juntar-me ao grupo Poliamor de Espanha, equivalente ao nosso Poly Portugal, surgido 4 meses antes, e que por altura dessa conversa devia ter meia dúzia de membros. Hoje conta com quase 600, espalhados por todo o país. É uma questão de procurar....
Em Portugal o fenómeno teve uma evolução idêntica (mais de 100 membros, o que é quase proporcional), e além de encontrar pessoas que pensem como nós (que felizmente se vão encontrando), alegra-me pensar que cada vez mais pessoas conhecem o conceito, sabem que existe, e onde procurar-nos.
*amarado = palavra composta pelas palavras amigo, amante e namorado; em português, particípio passado do verbo amarar (poisar no mar;
À falta de palavras que descrevam as possibilidades das relações humanas, reutilizam-se, moldam-se ou aglutinam-se outras já existentes. Gosto particularmente desta imagem de estar poisado no meio do mar alto, sem referências nem limites.
Gostei!
ResponderEliminarE fiquei particularmente fã do termo amarado. Outras interpretações possíveis sobre um suposto prefixo a-:
a- (prefixo de aproximação, do latim ad-) + marado = amalucado, no sentido mais cool do termo (como em "muita louco").
a- (prefixo de negação) + marado = não adulterado pela sociedade ("marado" usado aqui como se usa para designar whisky ou droga adulterada).
http://questionablecontent.net/view.php?comic=1243
ResponderEliminarUma das minhas favoritas.
Para mais webcomics poly:
http://polyinthemedia.blogspot.com/2006/10/poly-comic-strips.html